20 agosto 2019

LISTA - A HORA DA ESTRELA

1. (FUVEST) Sobre o narrador de A hora da estrela, de Clarice Lispector, pode-se afirmar que:
(A) é do tipo observador, pois revela não ter conhecimento sobre o que se passa no universo sentimental e psíquico da personagem (Macabéa).
(B) é onisciente, pois assume o papel de criador de uma vida, sobre a qual detém todas as informações; o poder da onisciência é, para ele, fonte de satisfação, pois Rodrigo S. percebe que os fatos dependem de seu arbítrio.
(C) é do tipo observador, pois limita-se a descrever superficialmente as emoções de Macabéa, o que fica evidente nas ocorrências enigmáticas do termo “explosão“, apresentado sempre entre parênteses.
(D) constitui-se como um personagem, pois narra em primeira pessoa; não há, entretanto, referências à sua história pessoal, visto que seu objetivo é falar sobre um personagem de ficção (Macabéa).
(E) é um dos personagens do livro; entretanto, ao apresentar-se não só como narrador, mas também como criador da história, problematiza a essência da literatura de ficção, que reside na recriação arbitrária do real.

2. (FUVEST) Identifique a afirmação correta sobre A hora da estrela, de Clarice Lispector:
(A) A força da temática social, centrada na miséria brasileira, afasta do livro as preocupações com a linguagem, freqüentes em outros escritores da mesma geração.
(B) Se o discurso do narrador critica principalmente a própria literatura, as falas de Macabéa exprimem sobretudo as críticas da personagem às injustiças sociais.
(C) O narrador retarda bastante o início da narração da história de Macabéa, vinculando esse adiamento a um autoquestionamento radical.
(D) Os sofrimentos da migrante nordestina são realçados, no livro, pelo contraste entre suas desventuras na cidade grande e suas lembranças de uma infância pobre, mas vivida no aconchego familiar.
(E) O estilo do livro é caracterizado, principalmente, pela oposição de duas variedades lingüísticas: linguagem culta, literária, em contraste com um grande número de expressões regionais nordestinas.
3. (FUVEST) Devo registrar aqui uma alegria. é que a moça num aflitivo domingo sem farofa teve urna inesperada felicidade que era inexplicável: no cais do porto viu um arco-íris. Experimentando o leve êxtase, ambicionou logo outro: queria ver, como uma vez em Maceió, espocarem mudos fogos de artifício. Ela quis mais porque é mesmo uma verdade que quando se dá a mão, essa gentinha quer todo o resto, o zé-povinho sonha com fome de tudo. E quer mas sem direito algum, pois não é? (Clarice Lispector, A hora da estrela)
Considerando-se no contexto da obra o trecho sublinhado, é correto afirmar que, nele, o narrador:
(A) assume momentaneamente as convicções elitistas que, no entanto, procura ocultar no restante da narrativa.
(B) reproduz, em estilo indireto livre, os pensamentos da própria Macabéa diante dos fogos de artifício.
(C) hesita quanto ao modo correto de interpretar a reação de Macabéa frente ao espetáculo.
(D) adota uma atitude panfletária, criticando diretamente as injustiças sociais e cobrando sua superação.
(E) retoma uma frase feita, que expressa preconceito antipopular, desenvolvendo-a na direçao da ironia.

4. (FUVEST) Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe:
— E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?
— Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de idéia.
— E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?
— Macabéa.
— Maca — o quê?
— Bea, foi ela obrigada a completar.
— Me desculpe mas até parece doença, doença de pele.
Eu também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome ue nin uém tem mas arece ue deu certo — arou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor — pois como o senhor vê eu vinguei... pois é...
— Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande divida de honra.
Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado:
— Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?
Da segunda vez em que se encontraram caia uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo.
 (Clarice Lispector, A hora da estrela)
Neste excerto, as falas de Olímpico e Macabéa:
(A) aproximam-se do cômico, mas, no âmbito do livro, evidenciam a oposição cultural entre a mulher nordestina e o homem do sul do País.
(B) demonstram a incapacidade de expressão verbal das personagem, reflexo da privação econômica de que são vitimas.
(C) beiram às vezes o absurdo, mas, no contexto da obra, adquirem um sentido de humor e sátira social.
(D) registram, com sentimentalismo, o eterno conflito que opõe os princípios antagônicos do Bem e do Mal.
(E) suprimem, por seu caráter ridículo, a percepção do desamparo social e existencial das personagens.

5. (FUVEST) “A ação desta história terá como resultado minha transfiguração em outrem (…)”.
Neste excerto de A hora da estrela, o narrador expressa uma de suas tendências mais marcantes, que ele irá reiterar ao longo de todo o livro. Entre os trechos abaixo, o único que NãO expressa tendência correspondente é:
(A) “Vejo a nordestina se olhando ao espelho e (…) no espelho aparece o meu rosto cansado e barbudo. Tanto nós nos intertrocamos”.
(B) “é paixão minha ser o outro. No caso a outra”.
(C) “Enquanto isso, Macabéa no chão parecia se tornar cada vez mais uma Macabéa, como se chegasse a si mesma”.
(D) “Queiram os deuses que eu nunca descreva o lázaro porque senão eu me cobriria de lepra”.
(E) “Eu te conheço até o osso por intermédio de uma encantação que vem de mim para ti”.
6. (FUVEST) A narração hesitante e digressiva, em constante auto-exame, não se limita apenas a registrar o sentimento de culpa do narrador, mas traduz, também, uma autocrítica radical, em que ele questiona sua própria posição de classe e, com ela, a própria literatura.
Esta afirmação aplica-se a:
(A) Memórias de um sargento de milícias
(B) Memórias póstumas de Brás Cubas
(C) Morte e vida severina
(D) O primo Basílio
(E) A hora da estrela
7. (FUVEST) Considere as seguintes comparações entre Vidas secas e A hora da estrela:
I. Os narradores de ambos os livros adotam um estilo sóbrio e contido, avesso a expansões emocionais, condizente com o mundo de escassez e privação que retratam.
II. Em ambos os livros, a carência de linguagem e as dificuldades de expressão, presentes, por exemplo, em Fabiano e Macabéa, manifestam aspectos da opressão social.
III. A personagem sinha Vitória (Vidas secas), por viver isolada em meio rural, não possui elementos de referência que a façam aspirar por bens que não possui; já Macabéa, por viver em meio urbano, possui sonhos típicos da sociedade de consumo.
Está correto apenas o que se afirma em:
(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e II.
(E) II e III.

8. (PUC-SP) A obra A hora da estrela, de Clarice Lispector marca-se pela depuração da arte de escrever e dialoga com todo o universo ficcional da autora. Despontam nela as perplexidades da narrativa moderna.
Indique a alternativa que NãO condiz com esse romance entendido como um todo:
(A) A história são as fracas aventuras de uma moça alagoana, “numa cidade toda feita contra ela”, o Rio de Janeiro.
(B) Macabéa, personagem do romance, tem a coragem e o heroísmo dos fortes e se torna, na vida, a grande estrela com que sempre sonhou.
(C) A estrela que dá título à obra é a estrela de cinema e só aparece mesmo na hora da morte.
(D) A narrativa constrói-se da alternância entre as reflexões do narrador que parece narrar a si mesmo e os fatos apresentados que dão o retrato da protagonista.
(E) O espaço da ação é o social-urbano, mas restrito à “Rua do Acre para morar” e à “Rua do Lavradio para trabalhar”.

9. (PUC-SP) A respeito de A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, indique a alternativa que NÃO confirma as possibilidades narrativas do romance:
(A) Livro com muitos títulos que se resumem à história de uma inocência pisada, de uma miséria anônima.
(B) História do narrador Rodrigo M. S., que se faz personagem, narrando-se a si mesmo e competindo com a protagonista.
(C) História da própria narração, que conta a si mesma, problematizando a difícil tarefa de narrar.
(D) História de Macabéa, moça anônima e que não fazia falta a ninguém.
(E) História de Olímpico de Jesus, paraibano e metalúrgico, vivendo o mesmo drama de Macabéa e identificando-se com ela.

10. (PUC-SP) Assinale a alternativa que não está de acordo com a personagem Macabéa, do romance A Hora da Estrela, de Clarice Lispector:
(A) Nordestina pobre, anônima e semi-analfabeta, era impotente para a vida e não fazia falta a ninguém.
(B) Tinha a “felicidade pura dos idiotas” e “vivia num atordoado limbo entre céu e inferno”.
(C) Personagem-título do romance, embora feita de matéria rala, tornou-se, na vida, a grande estrela com que sempre sonhou.
(D) Ingênua, acreditou no que a cartomante lhe disse, mas acabou sendo atropelada e morta por um Mercedes amarelo.
(E) Viveu um conto de fadas às avessas, delineando um contraponto bíblico sem, contudo, apresentar a coragem e o heroísmo dos fortes.

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