07 março 2024

Redação - 2 ANO

 TEMA: "Caminhos para combater a violência doméstica contra crianças e adolescentes no Brasil"


Textos Motivadores: 

Lei da Palmada e a violência doméstica contra crianças e o adolescentes


A criação de uma lei para proteger criança e adolescente de castigos físicos foi acordada entre o Brasil e a Organização das Nações Unidas (ONU), em virtude da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, aprovada em 20 de novembro de 1989 pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

A violência doméstica contra a criança e o adolescente pode ser caracterizada como uma ação ou omissão, praticada pelos pais ou responsáveis, causando abuso físico, psicológico e sexual contra a criança e o adolescente.

O fenômeno se configura como um dos problemas mais relevantes na sociedade atual. Pode ser encontrado em todas as classes sociais, desde as classes mais baixas até as mais abastadas e atinge grande número de crianças e adolescentes diariamente no Brasil e no Mundo, tanto no contexto familiar, como no contexto social.

Diante do alarme que se encontra a situação da violência doméstica contra a criança e o adolescente, o ordenamento jurídico não se manteve inerte, apresentando o projeto de Lei nº 7.672/10, denominado Lei da Palmada.


O objetivo da Lei da Palmada seria proibir os castigos físicos às crianças e adolescentes pelos pais ou responsáveis. O projeto apresenta emendas ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA/90), acrescentando três artigos que visam abarcar a proteção integral da criança e do adolescente.

Contexto familiar e violência

Pelo fato de crianças e adolescentes se encontrarem em franco crescimento, o ambiente em que vivem com suas famílias deveria propiciar condições saudáveis e promotoras do desenvolvimento de forma equilibrada. Estímulos positivos como boa relação familiar, diálogo, equilíbrio e vínculo afetivo compreendem os principais acontecimentos significativos na vida de um indivíduo. Dessa forma, a família representa experimentações que os sujeitos vivenciam, repletas de representações como frustrações, significados afetivos, esperanças e juízo, além de ser considerada um espaço de refúgio quando na presença de ameaças. Portanto, um ambiente familiar hostil pode favorecer ocorrências marcantes e irreversíveis na vida de um sujeito, afetando seus componentes físico, emocional e mental. Assim, a violência doméstica poderá também interferir na aprendizagem dos indivíduos.

A violência intrafamiliar é vista como um episódio corriqueiro entre as gerações, transcorrendo os tempos e culturalmente sendo reforçada. Adultos agressivos pertencem a famílias que revelam histórico de descaso e violência, inclusive experimentando maus-tratos quando crianças. Os pais justificam a violência como uma ferramenta que possui a finalidade de educar seus filhos, ou recurso de disciplinamento, considerando que tal conduta produzirá nas vítimas a obediência esperada. Correlacionam-se os maus-tratos com situações socioeconômicas precárias, doenças psiquiátricas (transtornos mentais decorrentes do consumo de substâncias psicoativas) e desajuste familiar, sendo estes aspectos favorecedores da ocorrência desse tipo de violência.

É possível verificar, em unidades de internação pediátrica, notificações de crianças e adolescentes vítimas de violência física, representada por marcas de traumas corporais ocorridos em ambiente familiar. E, neste mesmo momento da internação, presenciam-se pais esbofeteando, sacudindo ou até mesmo espancando seus filhos.

Tipos de violência

Estudos categorizam ações violentas de várias naturezas, enfatizando a violência física como o emprego de uma força física para causar ou tentar causar agravo, podendo vir a ser desde uma lesão interna até uma externa; a violência psicológica, como ação ou omissão que determina um efeito de conduta destrutiva e afeta a autoestima e o desenvolvimento da identidade e, assim, apresenta-se como a maior causa de violência que compromete a pessoa, levando-a a sentimentos de desvalorização, ansiedade, adoecimento fácil e intenções suicidas; a violência sexual envolve relação de poder entre pessoas, obrigando uma destas ao intercurso sexual contra sua vontade, por meio de excitações ou contato, utilizando força física, armas ou drogas e a influência psicológica; e a violência por negligência, quando não se acata aquilo que é imprescindível ao crescimento e ao desenvolvimento apropriados, destacando a omissão do interesse de um ou mais membros da família e da sociedade em prover as manifestações das necessidades físicas e emocionais da criança e/ou adolescente, tornando-se omissos no que diz respeito a vestimenta, alimentação, educação e saúde.

Em contrapartida ao que afirmam os autores anteriores, a negligência apresenta-se como a prática violenta mais corriqueira, podendo apresentar-se como lesões cutâneas. A negligência compromete o vestuário, a alimentação, a saúde e a educação da criança. Quando submetida ao exame clínico, é possível verificar a ocorrência de perda acentuada de tecido celular subcutâneo, escarificação e/ou feridas na pele decorrentes de hipovitaminose crônica, dermatite, higiene inadequada e escabiose. Observam-se inclusive predominância de atrasos no calendário vacinal e traços de maus-tratos entre as crianças.

Entretanto, estudo afirma que a agressão física é, sem dúvida, a mais reconhecida, porém não é o tipo de violência que pode se desenvolver apenas no ambiente intrafamiliar, destacando-se também a violência psicológica, a qual poderá apresentar-se de forma sutil, chegando a ocorrer despercebida e exigindo atenção redobrada dos profissionais.

As crianças que convivem no ambiente intrafamiliar sujeitas à violência psicológica podem apresentar reações como incapacidade para construir e conservar satisfatória relação interpessoal, déficit de aprendizagem, condutas e sentimentos impróprios, humor depressivo ou infeliz e tendência a desencadear sintomas psicossomáticos. Constatam-se ainda problemas distintos associados à violência psicológica: rendimento escolar baixo, ocorrência da vitimização nos ambientes escolar e comunitário, vivência de agressão no decorrer do namoro, infração de normas e problemas emocionais como depressão e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

No que diz respeito à notificação da violência física e de negligência/abandono, há maior frequência entre os profissionais das áreas de medicina, enfermagem, odontologia e fonoaudiologia. Atribui-se esse fato à facilidade que estes profissionais possuem em detectar casos de violência, permitindo a verificação visível de marcas ou a retratação da falta de cuidados com a criança. O mesmo não ocorre entre os outros episódios de violência.

Dificuldades do diagnóstico da violência

O agressor, quando acomete suas vítimas de violência doméstica, geralmente compactua e cria um álibi poderoso, que é o silêncio das vítimas, que é reforçado pelo sentimento de medo, vergonha ou até mesmo de culpa. Este silêncio torna a intervenção dificultosa, exigindo do profissional da saúde atenção aos sinais emitidos, ou não, por essas crianças, uma vez que pedem socorro não somente pela linguagem verbal, mas também corporal. Indicadores orgânicos apresentados por crianças e adolescentes vitimizados pela violência devem alertar e gerar desconfiança de que algo está errado. Mudanças frequentes e severas de humor, receio dos pais, apreensão com o choro de outras crianças, comportamentos agressivos, timidez, passividade e submissão excessivas revelam possibilidade de exposição à violência. Em casos de violência doméstica é fundamental acreditar no que a vítima está dizendo, pois dificilmente irá mentir ou inventar tal fato.

Quando a violência é diagnosticada e denunciada precocemente, pode-se proteger a vida e o futuro de crianças que sofrem com o problema.

Atuação dos profissionais da educação e/ou da saúde contra a violência

Os profissionais que lidam com a violência doméstica devem comprometer-se a realizar encaminhamentos necessários para minimizar e monitorar suas ocorrências. Nesse contexto, os profissionais da educação são parceiros ideais para auxiliarem na detecção e interferência nos casos de abuso comprovados ou suspeitos por estabelecerem contato diário, direto e substancialmente afetivo com essas crianças, contribuindo, assim, para a prevenção da violência, que pode chegar a comprometer a vida dessas crianças, as quais não podem se defender da agressão que lhes é atribuída. Portanto, o profissional que lida com crianças, independente da sua área de atuação, deve estar vigilante aos sinais de possíveis ocorrências de maus-tratos.

20 setembro 2023

ATIVIDADE - 3 ANO

 CONTO : Venha Ver o Pôr-do-sol - Lygia Fagundes Telles


01. O narrador descreve o cenário no qual as personagens irão se encontrar. Que cenário é esse? Qual a importância dele na narrativa?

02.  A partir do diálogo estabelecido entre as personagens, sabemos como era Raquel e como ela está agora. O que mudou na personagem? E em relação à situação financeira dos personagens, o que ocorreu?

03. A ideia de Ricardo, a princípio, parece estranha: ver o pôr do sol em um cemitério. No entanto, ele tranquiliza o leitor. Que argumentos ele usou para convencê-lo de que o passeio poderia ser bom?

04.  Como Ricardo convence a ex-namorada a entrar na catacumba? O que essa personagem descobre nesse momento? Qual a sua reação?

05. É possível afirmar que o crime foi premeditado? Utilize fatos do texto para comprovar sua resposta.

06. O narrador, no final do conto, diz que a personagem Raquel, ao tomar consciência de sua condição, lança gritos semelhantes aos de um animal. Explique essa comparação.

07. Nesse caso, é possível afirmar que o conto tem um desfecho inesperado? Comente a resposta dada.

31 agosto 2023

TRILHA DE APRENDIZAGEM - 2 ANO

1 . De onde origina a palavra Parnasianismo?

2. Quem foi Olavo Bilac?

3. Quando iniciou o parnasianismo no Brasil?

4. Em que se baseava a poética parnasiana?

5. A influência do Parnasianismo no Brasil é francesa, italiana ou alemã?

6. Qual é o traço mais marcante da poética parnasiana?

7. Quem foi Alberto de Oliveira e como era a sua poesia?

8. Quem escreveu o poema VASO GREGO?

9. Quem foi o mais perfeito dos parnasianos?

10. Quem escreveu o poema AS POMBAS?

11. Qual parnasiano escreveu o nosso HINO À BANDEIRA?

12. No poema AS POMBAS, o que representa o movimento constante das pombas no ir e vir?

13. Qual é marca maior de OLAVO BILAC?

14. Quais são as características gerais do Parnasianismo?

15. A poesia parnasiana se dedica aos temas sociais e a análise de comportamento como fez a prosa realista?

16. Que características apresenta linguagem parnasiana?

17. Quem são os nossos principais parnasianos?

18. Qual é o tipo de composição poética mais comum no Parnasianismo?

19. Porque a maioria dos poemas parnasianos faz apologia ao belo?

20. Por que os parnasianos utilizam tanto em seus textos figuras da mitologia grega?

21. O descritivismo para o parnasiano é importante? Por quê?

22. Qual é a temática do poema PROFISSAO DE FÉ?


29 agosto 2023

TRILHA DE APRENDIZAGEM - 1 ANO

 

  1. Vivendo em plena crise dos valores medievais, Gil Vicente é um autor que, apesar de humanista, ainda permanece mais voltado para a tradição do que para a modernidade. Seu teatro tem caráter popular e utiliza temas da Idade Média, como as narrativas de origem cavaleiresca e o lirismo das cantigas. Gil Vicente sempre foi extremamente crítico para com a sociedade do seu tempo, retratando-a com mordacidade e comicidade extremas, que não perdoavam nem a fidalguia, nem a plebe, nem a burguesia ou o clero, mesmo sendo um católico de profunda fé cristã, aspecto que também aparece em sua obra.
Leia o fragmento abaixo e responda:

Auto da Lusitânia

Entra Todo-Mundo, homem como rico mercador, e faz que anda buscando alguma coisa que se lhe perdeu; e logo apos ele um homem, vestido como pobre, este se chama Ninguém, e diz:

Ninguém: Que andas tu i buscando?
Todo-Mundo: Mil coisas ando a buscar:
delas não posso achar,
porém, ando perfiando,
por quão bom é perfiar.
Ninguém: Como hás nome, cavaleiro?
Todo-Mundo: Eu hei nome Todo-Mundo,
e meu tempo todo inteiro
sempre é buscar dinheiro,
e sempre nisto me fundo.
Ninguém: E eu hei nome Ninguém,
e busco a consciência.
Berzabu: Esta é boa experiência:
Dinato, escreve isto bem.
Dinato: Que escreverei, companheiro?
Berzabu: Que Ninguém busca consciência,
e Todo-Mundo dinheiro.
Ninguém: E agora que buscas lá?
Todo-Mundo: Busco honra muito grande.
Ninguém: Eu, em virtude, que Deus mande
que topo co’ela já.
Berzabu: Que adição nos acode:
escreve logo i a fundo,
que busca honra Todo-Mundo,
Ninguém busca virtude.

  1. De que recursos se vale Gil Vicente para jogar com os sentidos das palavras, dando um tom humorístico ao texto?

  1. Pela maneira como o autor explora tema e personagens e utiliza a linguagem, você diria que esta cena tem caráter erudito ou popular? Justifique sua resposta:
  1. Através do personagem Berzabu, Gil Vicente faz uma crítica. Diga com suas palavras a quem a crítica do texto quer atingir?
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  1. Por que podemos afirmar que em Gil Vicente revela-se uma preocupação com a função moralizadora do teatro?

  1. Ao contrário da poesia trovadoresca, que estava associada à musica e era cantada ou bailada, a poesia palaciana foi elaborada para ser lida e recitada nas cortes. Cultivada pelos fidalgos nos serões dos palácios, donde lhe vem o nome (poesia palaciana), caracteriza-se por ser mais apurada, atraente e variada do que aquela do início dos tempos de formação da nacionalidade portuguesa. Inspiravam-se os poetas palacianos nos feitos históricos, nos conceitos didáticos, sem abandonar, contudo, temas comuns aos trovadores medievais. Relembre alguns (pelo menos 3) dos temas recorrentes nas trovas ou cantigas medievais:
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  1. Observe, na cantiga a seguir, como o poeta, apesar de preso ainda ao tema medieval, trabalha com superioridade, tornando mais graciosas e inventivas as formas métricas:

Cantiga sua partindo-se

Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

Tão tristes, tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes,
tão fora d’esperar bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
João Ruiz de Castelo Branco

Agora responda:


  1. Rima é o nome que se dá à repetição de sons semelhantes, ora no final de versos diferentes, ora no interior do mesmo verso. Conforme o modo como as rimas se distribuem ao longo do poema, elas podem ser emparelhadas, interpoladas ou alternadas. Baseie-se na primeira estrofe e observe, na cantiga acima, que tipo de rima acontece?



  1. Em relação às figuras de efeito sonoro (aliteração, assonância, paronomásia e paralelismo), diga que efeito sonoro podemos encontrar nos três primeiros versos da segunda estrofe da cantiga acima e justifique sua resposta.

Tão tristes, tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos”

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  1. De acordo com seus conhecimentos sobre Trovadorismo e Humanismo, relacione as colunas:

  1. Trovadorismo
  2. Humanismo

( ) Valorização do homem ( ) mercantilismo
( ) cancioneiros ( ) aparecimento da burguesia
( ) época de transição ( ) antropocentrismo
( ) cantigas de amor ( ) submissão ao clero
( ) teocentrismo ( ) poesia associada à música


  1. No Classicismo, qual era a justificação para a imitação e observância estética dos autores da Antiguidade (gregos: Homero, Teócrito, Anacreonte, Sófocles, Aristóteles, Demóstenes, etc.) e (latinos: Cícero, Virgílio, Ovídio, Plauto, Horacio, etc.)? Explique com suas palavras:
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  1. Compare os dois trechos abaixo e diga a que movimento ou período pertencem e cite (pelo menos 4), traços do mesmo movimento encontradas nos fragmentos abaixo:

Fragmento 1:

Canto as armas e o varão
que, impelido pelo Destino,
veio primeiro das plagas* de Tróia para a Itália”
(Virgílio, Eneida)

Fragmento 2:

As armas e os barões assinalados
que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana**”
(Camões, Os Lusíadas)

*(região)
**(nome antigo dado pelos gregos e romanos à ilha de Ceilão, atual Sri Lanka)


7. Foram características do Renascimento, entre outras:
A [   ] a retomada dos valores da cultura greco-romana, o antropocentrismo e a convicção de que tudo pode ser explicado pela razão e pela ciência.
B [   ] a reafirmação dos valores da cultura medieval, o deísmo e o caráter civil da produção artística.
C [   ] o repúdio aos valores da cultura clássica, o deísmo e o racionalismo.
D [   ] o repúdio aos valores da cultura medieval, o antropocentrismo e a negação de que tudo pode ser explicado pela razão e pela ciência.
E [   ] a valorização da cultura oriental, o humanismo e o caráter eclesiástico da produção artística.

8. As principais características do Renascimento são:
A [   ] Humanismo, Racionalismo e Espírito Crítico.
B [   ] Empirismo, Religiosidade e Cientificismo.
C [   ] Racionalismo, Criticismo e Religiosidade.
D [   ] Humanismo, Empirismo e Espírito Crítico.
E [   ] Todas as alternativas anteriores estão incorretas.

03. A arte do Renascimento é chamada:
A [   ] barroca, e se inspira no gótico e no românico.
B [   ] romântica, e se inspira na natureza.
C [   ] maneirista, e se inspira na objetividade.
D [   ] realista, e se inspira na subjetividade.
E [   ] clássica, e se inspira no mundo greco-romano.


9. Indique nomes de autores e algumas obras dos PRECURSORES DO RENASCIMENTO.

10. Indique alguns nomes e idéias dos CIENTISTAS RENASCENTISTAS.

05 abril 2023

ATIVIDADE - REALISMO - 2 ANO

 Leitura

                       

                                                O primo Basílio (Eça de Queirós)
Fragmento 1
            Havia doze dias que Jorge tinha partido e, apesar do calor e da poeira, Luísa vestia-se para ir a casa de Leopoldina. Se Jorge soubesse não havia de gostar não. Mas estava tão farta de estar só! Aborrecia-se tanto! De manhã ainda tinha os arranjos a costura, a toalete, algum romance... Mas de tarde!
            A hora em que Jorge costumava voltar do ministério, a solidão parecia alargar-se em torno dela. Fazia-lhe tanta falta o seu toque de campainha, os seus passos no corredor!...
            Ao crepúsculo, ao ver cair o dia, entristecia-se sem razão, caía numa vaga sentimentalidade; sentava-se ao piano, e os fados tristes, as cavatinas apaixonadas gemiam instintivamente no teclado, sob os seus dedos preguiçosos, no movimento abandonado dos seus braços moles. O que pensava em tolices então! E à noite, só, na larga cama francesa, sem poder dormir com o calor, vinham-lhe de repente terrores, palpites de viuvez.

Fragmento 2
            Servia, havia vinte anos. Como ela dizia, mudava de amos, mas não mudava de sorte. Vinte anos a dormir em cacifos, a levantar-se de madrugada, a comer os restos, a vestir trapos velhos, a sofrer os repelões das crianças e as más palavras das senhoras, a fazer despejos, a ir para o hospital quando vinha a doença, a esfalfar-se quando voltava a saúde!... Era demais! Tinha agora dias em que só de ver o balde das águas sujas e o ferro de engomar se lhe embrulhava o estômago. Nunca se acostumara a servir [...].
            As antipatias que a cercavam faziam-na assanhada, como um círculo de espingardas enraivece um lobo. Fez-se má; beliscava crianças até lhes enodoar a pele; e se lhe ralhavam, a sua cólera rompia em rajadas. Começou a ser despedida. Num só ano esteve em três casas. Saía com escândalo, aos gritos, atirando as portas, deixando as amas todas pálidas, todas nervosas... [...]
            A necessidade de se constranger trouxe-lhe o hábito de odiar; odiou sobretudo as patroas, com um ódio irracional e pueril.
                    O primo Basílio. In Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1986. P. 585 e 597. V. 1.
                                                         RELEITURA

1.      Considere o seguinte fragmento de uma das famosas Conferências do Cassino Lisbonense, em que Eça de Queirós teoriza sobre o novo estilo, comparando-o com o Romantismo:
[...] o Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento; - o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houver de mau na nossa sociedade.
                                    António José Saraiva e Óscar Lopes. História da literatura portuguesa.
                                                                                             Porto: Porto Editora, 1975. p. 960.       

a)      O narrador caracteriza Luíza como uma personagem romântica. Que traços da personagem, presentes no fragmento 1, nos permitem associá-la com o Romantismo?


b)      Luísa é caracterizada por meio de uma ótica realista, na medida em que o narrador critica-lhe o romantismo, em vez de aderir a ele. Que frase do fragmento 1 comprova essa afirmação?

2.       Além da postura racional e objetiva, necessária para a “ anatomia do caráter `` pretendida pelos escritores realistas, esse estilo, em sua vertente naturalista, vê o comportamento humano como consequência de certos fatores que o determinam.

a)      No caso de Luísa, que no romance é casada com Jorge e tem uma vida ociosa, de classe média abastada, a que fatores presentes no texto podemos atribuir os seus traços românticos?

b)      E no caso de Juliana, a segunda personagem caracterizada no fragmento 2? Qual é o fator determinante de sua revolta, de seu ódio?


3.      Ao ver o homem como produto de leis biológicas, o estilo naturalista o compara com os outros animais.
a)      Transcreva o trecho do fragmento 2 que exemplifica essa característica.


b)      Em que sentido o fragmento 2 ilustra o tema das desigualdades sociais intensamente tratado pelos escritores realistas?

16 março 2023

Atividade - 1 ANO - 16.03

ATIVIDADE - TROVADORISMO 


Canção da Ribeirinha

Segundo consta, esta cantiga teria sido inspirada em dona Maria Pais Ribeiro, a Ribeirinha, mulher muito cobiçada e que se tornou amante de D. Sancho, o segundo rei de Portugal. A seguir, transcrevemos a cantiga da forma como foi escrita. Veja, à direita, uma interpretação verso a verso.

CANTIGA EM GALEGO-PORTUGUÊS:                 TRADUÇÃO
No mundo non me sei parelha,
mentre me for' como me vai,
ca ja inoiro por vós - e ai
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi en saia!
Mao dia me levantei,
que vos enton non vi fea!

E, mia senhor, des aquel di', ai!
me foi a mi muin mal,
e vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d'aver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d'alfaia
nunca de vós ouve nem ei
valia d'ua correa.




(Paio Soares de Taveirós)

No mundo ninguém se assemelha a mim (parelha: semelhante)
enquanto a minha vida continuar como vai
porque morro por vós, e ai
minha senhora de pele alva e faces rosadas,
quereis que vos descreva (retrate)
quando vos eu vi sem manto (saia: roupa íntima)
Maldito dia! me levantei
que não vos vi feia (ou seja, a viu mais bela)

E, minha senhora, desde aquele dia, ai
tudo me foi muito mal
e vós, filha de don Pai
Moniz, e bem vos parece
de ter eu por vós guarvaia (guarvaia: roupa luxuosa)
pois eu, minha senhora, como mimo (ou prova de amor)
de vós nunca recebi
algo, mesmo que sem valor. (correa: coisa sem valor)

Leia, como exemplo, outra cantiga, escrita por D. Dinis, rei de Portugal que viveu entre 1261 e 1325.

Perguntar-vos quero por Deus,
Senhor fremosa, que vos fez
mesurada e de bon prez,
que pecados foron os meus
que nunca tevestes por ben
de nunca mi fazerdes ben.

Pero sempre vos soub' amar,
des aquel dia que vos vi,
mays que os meus olhos en mi,
e assy o quis Deus guisar,
que nunca tevestes por ben
de nunca mi fazerdes ben.

Des que vos vi, sempr' o mayor
ben que vos podia querer
vos quigi, a todo meu poder,
e pero quis Nostro Senhor
que nunca tevestes por ben
de nunca mi fazerdes ben.

Mays, senhor, ainda con ben
se cobraria ben por ben.

Vocabulário

senhor: senhora.

Fremosa: formosa, bonita.

mesurada; comedida.

bon prez: honrada.

foron: foram.

pero: já que, porém,

des: desde.

mays: mais.

Mi: mim.

auy: assim.

guisar: decidir, preparar.

quigi: dei, dediquei.

a todo meu poder: de todo meu coração.
TEXTO PARA ATIVIDADE : 

* Leia, a seguir, uma cantiga de amigo do trovador Fernando Esguio, que viveu entre os séculos XIII e XIV.

Vaiamos, irmãa, vaiamos dormir
(en) nas ribas do lago, u eu andar vi
a las aves meu amigo.

Vaiamos, irmãa, vaiamos folgar
nas ribas do lago, u eu vi andar
a las aves meu amigo.

En nas ribas do lago, u eu andar vi,
arco na mãao as aves ferir,
a las aves meu amigo.
En nas ribas do lago, u eu vi andar,
arco na mãao a las aves tirar,
a las aves meu amigo.

Seu arco na mãao as aves ferir,
a las que cantavam leixa-las guarir,
a las aves meu amigo.

Seu arco na mãao as aves tirar,
a las que cantavam non nas quer matar,
a las aves meu amigo.

Vocabulário:

amigo: namorado.
folgar: descansar, divertir-se.
vaiamos: vamos.
u: onde.
tirar: atirar.
leixa-las guarir:deixava-as salvar-se.
irmãa: irmã.

1. Na cantiga, quem fala (o eu lírico) é uma moça que se dirige a uma irmã, fazendo-lhe um convite.

a) Que tipo de convite é feito?
b) O lugar aonde pretende ir é um ambiente rural ou urbano?

2. Na época, era comum as pessoas irem à beira do lago, nas tardes quentes, para refrescar-se. Nessa cantiga, entretanto, é possível depreender outro interesse por parte do eu lírico. Interprete: qual é esse interesse?

3. Ao referir-se ao namorado, o eu lírico destaca as qualidades da pessoa amada, especialmente sua bondade. Explique: em que consiste essa bondade?

4. As cantigas de amigo, em grande parte, apresentam uma estrutura paralelística, isto é, uma construção formal baseada na repetição parcial ou total de versos. Observe que a 1ª e a 2ª estrofes são quase idênticas, com a diferença da troca de dormir (1º verso da 1ª estrofe) por folgar (1º verso da 2ª estrofe). Essas repetições, que se chamam paralelismo de par de estrofes, também ocorrem entre os pares seguintes de estrofes? Justifique com partes do próprio texto.

5. A repetição constante de versos confere maior ritmo e musicalidade ao texto. Por outro lado, confere também:

a) maior profundidade de idéias e sentimentos. Justifique: 
b) maior superficialidade de idéias e sentimentos. Justifique:

 PARTE  2 

ESTUDO PRÉVIO- HUMANISMO 

1-Qual a cronologia do Humanismo?


2- Explique e classifique as Crônicas historiográficas:

3- Explique e classifique as Novelas de Cavalaria:

4- Fale brevemente sobre a novela : Carlos Magno e seus Doze pares:

5- Fale brevemente sobre a novela Guerra de Troia:

6-Em qual período da História se encaixa o Humanismo?

7-Quais convenções literárias do Trovadorismo que foram mantidas no Humanismo?

8-O que foi a poesia palaciana e qual a sua finalidade?

9-Cite alguns fatos marcantes desse período.

10-Qual a classe social surgida no Humanismo?

11-Em que língua era escrita a poesia e a prosa do Humanismo?

12- Quem foi o fundador da historiografia e como foi nomeado?

13-Explique o que foi o cerco de Lisboa.

14-Quem foram os mecenas?