24 março 2019

Atividade Avaliativa- 3 ano


TEXTO A
[...]
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
[...]
TEXTO B
Sou um guardador de rebanhos
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
[...]



Esses trechos fazem parte de  poemas que  são atribuídos a Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa.
a)      O que caracteriza esse heterônimo?
b)      O que há de comum nesses dois poemas? Justifique a sua resposta.

2.  Apropriando-se da temática de Ricardo Reis, discorra sobre os trechos a seguir estabelecendo comparações entre eles.

TEXTO I
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.
[...]
TEXTO II
Só o ter flores pela vista fora
Nas áleas largas dos jardins exatos
Basta para podermos
Achar a vida leve.

De todo o esforço seguremos quedas
As mãos, brincando, pra que nos não tome
Do pulso, e nos arraste.
E vivamos assim,

Buscando o mínimo de dor ou gozo,
Bebendo a goles os instantes frescos,
[...]


3.Leia o texto de fernando pessoa e  dê uma interpretação coerente a última estrofe.

O AMOR QUANDO SE REVELA

O amor, quando se revela,
não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
mas não lhe sabe falar.

[...]
Mas quem sente muito, cala;
quem quer dizer quanto sente
fica sem alma nem fala,
fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
o que não lhe ouso contar,
já não terei que falar-lhe
porque lhe estou a falar...


4.O texto a seguir pertence ao autor português Mário de Sá Carneiro.
É possível estabeler comparações entre a vida do autor e o poema  Dispersão? Justifique.


Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.
[...]
Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...
[...]
Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projeto:
Se me olho a um espelho, erro —
Não me acho no que projeto.
[...]
Eu tenho pena de mim,
Pobre menino ideal...
Que me faltou afinal?
Um elo? Um rastro?... Ai de mim!...

5. Fernando Pessoa, o mais importante escritor modernista português, famoso pela sua original capacidade de criar heterônimos, ou seja, poetas dotados de autenticidade. É como se o poeta se desdobrasse em vários outros. Esse desdobramento permite diferentes maneiras de ver e interpretar o mundo. A partir dessa afirmação comente sobre a produção literária dos principais heterônimos de Fernando Pessoa.


6.Leia um trecho de Tabacaria.


Come chocolates,  pequena;
Come chocolates!
[...]
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.

[...]

Fiz de mim o que eu não soube,
E o que eu podia fazer de mim não fiz
O dominó que vesti era errado.


 No trecho de Tabacaria, o eu lírico se depara com uma criança e se dirige a ela com modo exclamativo: come chocolates pequena/ come chocolates! Com essa frase o eu lírico incentiva a criança a:


a. Desfrutar prazeres de maneira espontânea, sem preocupações.
b. Desprezar as pessoas que sofrem com desilusões da existência.
c. encarar a vida de maneira irresponsável
d. Desfrutar o momento com responsabilidade

7. Ainda dirigindo-se a criança, o eu lírico lamenta-se: pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes! Por que o eu lírico é incapaz de agir como a criança?

8. Associe os versos aos heterônimos de Fernando Pessoa

a.” Eu não tenho filosofia, tenho sentidos
Se falo na natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...”

b. “Segue o teu destino
rega as tuas plantas
Ama as tuas rosas
O resto é sombra
De árvores alheias”

c. “Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, as vontades
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixe-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?”

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